CURIOSIDADES MAÇÔNICAS



O verdadeiro maçom não precisa dizer que é maçom, aonde quer que ele esteja será reconhecido como tal.


Disseram-me um dia, como a muitos outros também deve ter sido dito em algum momento da caminhada na vida maçônica, que dom Pedro, numa mesma data teria sido iniciado, elevado, exaltado e conduzido ao Grão-Mestrado da Maçonaria no Brasil, e que teria adotado o nome simbólico de Guatimozim, em homenagem ao último Imperador asteca do México que resistiu em 1522 ao conquistador espanhol Cortez.

O relato histórico das reminiscências desmistifica os “ditos” para conduzir ao real entendimento que dom Pedro de Alcântara, iniciado em 02 de agosto de 1822, só foi guindado ao cargo de Grão-Mestre em 04 de outubro de 1822, e confirma que o então Príncipe Regente foi iniciado na Maçonaria com os rigores ritualísticos, adotou o nome de Guatimozim e que não ordenou o “fechamento” da Ordem Maçônica.

Fica aqui o nosso primeiro registro curioso. O nome Guatimozim, entrementes, era o nome histórico adotado por Martim Francisco Ribeiro de Andrade, irmão carnal e maçônico de José Bonifácio, e que perfilava ao lado de Falkland [Antônio Carlos Ribeiro de Andrade], Tibiriçá [José Bonifácio de Andrade e Silva], Caramuru [Antônio Telles da Silva], Aristides [Caetano Pinto de Miranda Montenegro] e Claudiano [Frei Sampaio – Francisco de Santa Tereza de Jesus Sampaio] nas alas maçônicas e registros do Apostolado e da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz. Ademais, no Recife existia uma Loja Maçônica denominada Guatimosin, fundada em 1816 e que em 1821 mudou o seu nome para “Loja 6 de Marco de 1817”, em homenagem aos maçons sacrificados na gloriosa Revolução Pernambucana de 1817.

A historiagrafia maçônica, contudo, passa ao largo da preferência de dom Pedro pelo nome heróico de Guatimozim.

Outro registro nos remete ao restabelecimento dos trabalhos maçônicos na forma ordenada por dom Pedro I. E estes, contudo, não foram reencetados, haja vista que a 02 de novembro de 1822, José Bonifácio determinou uma devassa contra os maçons do “Grupo do Ledo”, no episódio que ficou conhecido como “Bonifácia”.

As razões ainda são pouco claras, ao que tudo indica o fato de dom Pedro ter sido aclamado Grão-Mestre numa sessão presidida por Joaquim Gonçalves Ledo foi interpretado como um golpe maçônico ao “Grupo do Bonifácio”, e os ânimos entre os grupos [azul e vermelho] que se mostravam em acirramento crescente desde o episódio que resultou em repreensão ao Frei Francisco Sampaio [Pílades] mostravam-se mais radicalizados com a eleição de dom Pedro para o cargo de Grão-Mestre em substituição a José Bonifácio. 

Devemos dizer que José Bonifácio efetivamente não compareceu a sessão em que dom Pedro tomou posse no cargo de Grão-Mestre, como de resto, não compareceu a nenhuma sessão importante e até mesmo foi colocado no cargo sem ser consultado, mas não foi totalmente tirado da diretoria, porque ainda era ministro de dom Pedro e continuava a exercer o cargo de Grão-Mestre Adjunto e Lugar-Tenente de dom Pedro no Apostolado.

O clima realmente esquentou quando o “Grupo do Ledo” tentou impor a dom Pedro, por ocasião da sua aclamação a Imperador do Brasil, em 12 de outubro de 1822, um juramento prévio da Constituição que seria elaborada pela Assembléia Geral Constituinte e Legislativa convocada pela circular de 17 de setembro de 1822. Tal fato desagradou profundamente ao “Grupo do Bonifácio” e ao próprio dom Pedro I, daí a interrupção dos trabalhos ordenada por este, para as “averiguações” procedimentais, na forma narrada nas reminiscências.

A abertura da “devassa” ordenada por José Bonifácio, dois dias depois da autorização emanada do Imperador e Grão-Mestre para o recomeço das atividades maçônicas, ocorreu depois que os Andradas [José Bonifácio e Martim Francisco] colocaram seus cargos de ministros à disposição do Imperador.

Tão logo a notícia tornou-se conhecida no meio maçônico, iniciou-se um movimento no sentido de fazer o Imperador reintegrar os Andradas, o que acabo acontecendo. Reintegrados e fortalecidos pelas manifestações favoráveis, José Bonifácio desencadeou violenta repressão aos maçons identificados com a liderança de Joaquim Gonçalves Ledo e esse conjunto de fatos ficou conhecido como “Bonifácia”.

O devassado Joaquim Gonçalves Ledo fugiu para a Argentina com o auxílio do Cônsul da Suécia. José Clemente Pereira foi preso e depois deportado [30 de dezembro de 1822] para Havre, na França, em companhia de Januário da Cunha Barbosa, e posteriormente, os dois foram para Londres.

Outros maçons foram presos e depois libertados, as lojas encerraram seus trabalhos e o Grande Oriente do Brasil fechado, deixando os maçons em pavorosa. Com a cissura, o fechamento do Grande Oriente do Brasil e sem oposição, os anti-maçons recrudesceram em campanhas, fazendo com que a Maçonaria aparecesse como inimiga do Imperador e do Trono, constituindo uma memória da Independência cada vez mais distante dos maçons e da Maçonaria. E a única voz que se ouvia bradar na imprensa era a do brigadeiro e maçom Domingos Alves Branco Moniz Barreto [Sólon] em seu jornal “Despertador Constitucional”.

O que se registra no meio maçônico, contudo, e em que pese o fechamento do Grande Oriente do Brasil, é que muitos maçons continuaram a se reunir às escondidas enquanto as lojas cerraram suas portas, atas e documentos maçônicos eram destruídos por todo o Brasil, à exceção de Pernambuco, onde as lojas funcionavam e os maçons se reuniam em oposição às determinações do Rio de Janeiro, e até conduziram os preparativos do movimento que ficou conhecido como Confederação do Equador – um dos momentos marcantes dos tempos de ouro da maçonaria pernambucana. Mas este é um relato para outra oportunidade.

Outra curiosidade marcante fica por conta de dois fatos. O primeiro, dom Pedro em 20 de julho de 1822, portanto, doze dias antes de ser iniciado, enviou um bilhete a José Bonifácio no qual tratava da Província da Bahia, convulsionada e resistente à Regência do Rio de Janeiro.

Anote os termos maçônicos usados. Dizia o Príncipe Regente: “O Pequeno Ocidente toma a ousadia de fazer presente ao Grande Oriente, duas cartas da Bahia e alguns papéis periódicos da mesma terra há pouco vindas. Terra a quem o Supremo Arquiteto do Universo tão pouco propício tem sido. É o que se oferece por ora a remeter a este que em breve espera ser seu súdito e Iº” [Arquivo da Casa Imperial do Brasil. Cartas (2) de D. Pedro a José Bonifácio. São Paulo, 20/07/1822 e 01/09/1822, II-POB-20.07.1822 – PI.B – c. 1-2, citado por Barata, ob. cit. p. 233], numa patente demonstração que os termos maçônicos não lhe eram desconhecidos e que esperava ser iniciado em nossa Ordem.

Outro fato singular refere-se a possibilidade do Príncipe Regente dom Pedro pertencer ao Apostolado da Nobre Ordem dos Cavaleiros da Santa Cruz, sociedade secreta de fins maçônicos fundada em 2 de junho de 1822 por José Bonifácio.

O atesto é feito por Castellani ao citar Rio Branco em nota à “História da Independência do Brasil” de Vernhagem: “D. Pedro já pertencia, como ficou dito, a uma sociedade secreta, a Nobre ordem dos Cavaleiros de Santa Cruz, denominada Apostolado. Pelo livro das atas que S. M. o Sr. D. Pedro II possui, e figurou na Exposição de História do Brasil [no 6.986], sabe-se hoje que essa sociedade fundada por José Bonifácio, começou a funcionar em 2 de junho. D. Pedro era, com o título de arconte-rei, o chefe do Apostolado, sendo José Bonifácio seu lugar-tenente.

Pelo livro do juramento, também exposto em 1881, ficou patente que Gonçalves Ledo e Nóbrega, também pertenciam ao Apostolado” [Castellani, in História do Grande Oriente do Brasil, p. 70]. O Nóbrega referido poderia ser os maçons Francisco Luiz Pereira da Nóbrega ou Luiz Pereira da Nóbrega de Sousa Coutinho.

"LOUVADA SEJA A MAÇONARIA QUE NOS FEZ IRMÃOS"

GRUPO MAÇÔNICO ORVALHO DO HERMON


BALAÚSTRE ESPECIAL DE DEZEMBRO - SESSÃO MAGNA


Na última semana do mês de dezembro do ano 2013 da E.'.V.'. reuniram-se homens Livres e de Bons Costumes, no Templo chamado Terra, cujas assinaturas estão presentes no coração e consciência de cada um.

A entrada foi em família, sendo que os trabalhos foram abertos e dirigidos pelo GRANDE ARQUITETO DO UNIVERSO,  que deixou a critério de cada um ocupar o cargo  que sua consciência designasse.

Por unanimidade, todos abriram mão de cargos.

Não foi feita a leitura de Bal.'.,  Exped.'.  ou Dec.'., haja vista a magnitude da Sessão. 

A Bol.'. de PProp.'. e IInf.'. fêz seu giro e não  produziu nenhuma Col.'.Grav.'., recolhendo apenas votos de Paz, Saúde, Gratidão e Felicidade. 

A Ord.'.do Dia   versou sobre  paz, amor,  harmonia e tolerância entre os povos deste planeta, bem como o G.'.A.'.D.'.U .'. falou sobre o Livro da Lei, independente do título que cada Nação adota, fazendo um apelo especial para que praticássemos  os princípios de Liberdade, Igualdade e Fraternidade.

O Tr.'. de Solid .'. e/ou Benef.'. recolheu o despreendimento, força e vontade dos IIr.'. em socorrer enfermos e necessitados.

Usaram da Pal.'.  todos os IIr.'. presentes que,  em uníssono pensamento, solicitaram ao G.'.A.'.D.'.U.'.  que incutisse no coração de cada homem a prática da famosa frase “Paz na Terra aos homens de boa vontade”.

Ato contínuo, solicitaram que continue derramando suas bênçãos sobre nós, proporcionando-nos um Feliz Natal e Ano Novo cheio de realizações.

Com um Golpe de Malhete, os trabalhos foram encerrados, retirando-se cada um dos IIr.'. com as energias renovadas e conscientes de seu papel como Construtor Social.   

Liberdade - Igualdade - Fraternidade  



FELIZ NATAL


O Natal! A própria palavra enche nossos corações de alegria. 

Não importa quanto temamos as pressas, as listas de presentes natalinos e as felicitações que nos fiquem por fazer. 

Quando chegue no dia de Natal, vem-nos o mesmo calor que sentíamos quando éramos meninos, o mesmo calor que envolve nosso coração e nosso lar.


FELIZ NATAL MEUS IRMÃOS E  AMIGOS

A BALAUSTRADA


Muitos irmãos já divagaram sobre a origem e o simbolismo da balaustrada, também chamada em alguns rituais de “grade da razão”. A imaginação chega a tanto que há quem defenda que a balaustrada é uma espécie de portal pelo qual o maçom, ao atravessar, sai do mundo do si mesmo e conquista o terreno dos sonhos, do inconsciente, da espiritualidade, dos mistérios e da magia. 

Deve ser por isso que de vez em quando nos deparamos com irmãos dormindo no Oriente! Mas voltemos à vida real.

A balaustrada é formada por uma sequência de balaústres que suspendem um corrimão. Suas primeiras aparições foram encontradas no que se sabe sobre os templos assírios. Balaustradas não estão presentes nas construções gregas e romanas, mas reapareceram a partir do Século XV, inicialmente em palácios de Veneza e Verona, provavelmente influência da cultura árabe, por conta da dominação muçulmana na península ibérica.

Seu uso mais amplo na Europa teve início no século seguinte, sendo adotado por artistas como Michelangelo. No século XVI, balaustradas foram largamente utilizadas na construção de basílicas e catedrais e, a partir daí, ganhou espaço na ornamentação de igrejas, servindo como delimitador entre a nave (ocidente) e o presbitério (oriente), num nível mais elevado.

É junto da balaustrada que os fiéis recebem a comunhão.

Para compreendermos a razão da presença da balaustrada nos templos maçônicos dos ritos de origem francesa e seus derivados (Escocês, Adonhiramita, Moderno, Brasileiro), precisamos, inicialmente, realizar algumas considerações pertinentes sobre “templos” maçônicos.

Como é do conhecimento de todo maçom, a Maçonaria não surgiu em templos. As primeiras Lojas que se tem notícia não se reuniam em locais sagrados, mas sim em aposentos nos fundos ou em cima de tavernas, botecos, hotéis, canteiros de obras, etc.

Enfim, locais não muito “sagrados”, bem distintos dos “templos” maçônicos que se tem hoje por aí, nos quais alguns maçons conservadores não deixam nem mesmo um (a) profano (a) realizar a limpeza, por risco de profanar o solo maçônico sagrado, colocando os Aprendizes para exercerem a tarefa da limpeza.

Foi por volta da década de 60 do Século XVIII que surgiram os primeiros imóveis construídos com objetivo exclusivo de funcionamento de Lojas Maçônicas, ainda na Inglaterra. A iniciativa de tal movimento é creditada aos líderes maçons William Preston, James Heseltine e Thomas Dunckerley. Mas esses imóveis não foram chamados de Templos, nem passaram por cerimônias de sagração. Aliás, até hoje não são chamados de Templos e não são sagrados, porque mantém o significado original dos locais de reuniões dos maçons.

São conhecidos por Lodge Room (Sala da Loja). Em outras palavras, são apenas aposentos de reuniões maçônicas, assim como eram quando em tavernas, por exemplo. A diferença é que, com as construções próprias, o local fica mais bem guardado dos não maçons e não precisa ser preparado e desmanchado a cada reunião.

Na mesma década, movimento similar teve início na Maçonaria francesa. 

Aparentemente, o primeiro local construído para uso exclusivamente maçônico na França foi em Marselha, a cidade mais antiga daquele país, em 1765. A diferença entre o movimento de construções maçônicas na Inglaterra e EUA para a França no Século XVIII foi a de que a França é um país predominantemente católico e a influência religiosa teve papel fundamental na concepção e ornamentação das construções.

A influência católica na Maçonaria francesa pode ser observada, por exemplo, no uso da nomenclatura “templo” e seu processo de inauguração. Baseado na Igreja, o local de reuniões maçônicas passou a ser considerado um templo, necessitando, portanto, de passar por uma sagração, costume esse comum à Igreja Católica Apostólica Romana, mas inexistente em muitas outras igrejas. Reforçando, não se trata de uma prática originalmente maçônica, mas sim religiosa.

Tal influência também é explícita na arquitetura da Loja.

Tradicionalmente, as portas que dão acesso à Sala da Loja (templo) devem ser angulares, pois uma entrada reta (no eixo da Loja, de frente ao Oriente) “não é maçônica e não pode ser tolerada”. Assim é nas Lojas inglesas e norte-americanas, por exemplo.

Porém, a Maçonaria francesa adotou uma porta central, assim como nas igrejas. Outra característica é quanto ao piso da Loja, originalmente com o Oriente e o Ocidente no mesmo nível, tendo apenas as estações do Venerável, 1º e 2º Vigilantes contendo degraus. Entretanto, a Maçonaria francesa, também copiando a arquitetura de igrejas, adotou oriente mais elevado, com balaustradas delimitando.

Outras influências católicas menos perceptíveis são evidenciadas no uso de incenso, ao denominar o posto do Venerável Mestre de “altar”, na presença do “mar de bronze” para purificação, entre outras. 

E a partir da presença física de tais influências em Loja, iniciou-se o “brainstorming” permanente dos ritualistas, um exercício eterno de imaginação para conferir interpretações aos mesmos.


Kennyo Ismail 

DESBASTANDO A PEDRA BRUTA


Alguém já disse que, em qualquer bloco de pedra ou tronco de madeira, esconde-se uma bela escultura, quem quiser vê-la deverá remover os excessos, as partes que a escondem.

No mês passado tivemos aqui na loja, a apresentação de um belíssimo trabalho feito pelo irmão Carlos Alberto sobre a pedra bruta. No trabalho ele falou sobre o simbolismo da pedra bruta e encerrou comentando sobre a relação da pedra bruta com o homem.


A pedra bruta é ó bloco a que me referi acima. É uma massa disforme, compacta, dura que no seu interior esconde uma escultura maravilhosa, mas para isso precisa ser desbastada.


No tema que me foi dado deverei falar: o desbaste da pedra bruta. Confesso que, quando li o título, fiquei preocupado. Preocupado pela importância que dou ao simbolismo, que é a base filosófica de nossa instituição. 


Preocupado por ter que transmitir em um trabalho de instrução algo que considero da mais alta importância para nós maçons, o desbastar da pedra bruta é simplesmente a razão, o motivo da nossa iniciação, é o conhecimento adquirido quando, em nossa iniciação, a partir do momento em fazemos nosso juramento e, que batemos por três vezes com o maço e cinzel sobre a pedra bruta, temos a obrigação de transformar a pedra bruta em pedra polida.

A compreensão, o entender consciente do significado daquele simbolismo é o que vai determinar no iniciando o estar maçom ou o ser maçom.

Quando um artista se propõe a fazer uma obra de arte ele parte de uma inspiração que o motiva a execução da obra. Este “in site” que o leva a idéia da obra pode ser o mais variado, desde a escuta de uma peça musical, a leitura de poema ou até mesmo um sonho. Criada a idéia o artista parte em busca do material no qual irá executar a obra.


A escolha do bloco de pedra para fazer a escultura irá facilitar ou dificultar seu trabalho. Se o bloco de pedra bruta tiver semelhas com sua idéia será mais fácil, exigira menor desbaste para chegar à forma final, mas seu ponto de partida será sempre a pedra bruta e o a ideia.

Podemos comparar a escolha da pedra, para a escultura, com o trabalho do MM
ao indicar um profano para ser iniciado. Assim como o artista procura uma pedra que esteja, na sua rusticidade, o mais próximo de sua idéia, o MM irá indicar para ser iniciado alguém que já tenha as condições mínimas para ser um maçom. Após a iniciação o aprendiz passará a ser o artesão que iniciará sua auto-escultura, irá desbastar a si próprio.

Trabalho esse que será realizado com o maço, o cinzel e a régua de 24 polegadas e, como artesãos exigentes, todos nós iniciamos um trabalho, mas nunca damos por concluído. Estamos constantemente descobrindo pequenas arestas que nos levam a novos desbastes. Quanto mais exigente for o artesão melhor ficará a escultura.

Os instrumentos recebidos pelo aprendiz maçom, o maço, o cinzel e a régua de 24 polegadas têm um grande significado simbólico e é com eles que o aprendiz irá fazer o seu trabalho de desbaste da pedra bruta.


O maço representa a força necessária para executar qualquer trabalho, força é energia, sem energia o mundo não existiria. Sem energia nada existe. A teoria mais aceita da origem do universo, o big-bang, teria sido uma enorme explosão energética.


Para vivermos nosso corpo necessita também de energia que adquirimos pela oxidação em nossas células. Mas a força que precisamos para nossa auto-escultura é a força de vontade, é a coragem para admitir que existam coisas em nós que precisam ser mudadas. Ver defeito nos outros é fácil, mas admiti-los em nós é bem mais difícil.

O cinzel é o instrumento de corte usado para remover, com o auxilio, do maço as lascas de pedra. O trabalho do cinzel depende da força, nele aplicada, pelo maço. O cinzel deve ser para nós a capacidade de enxergar aquilo que precisamos mudar, deve ser a nossa autocrítica que apoiada pela força de vontade que fará com que consigamos o desbaste necessário de nossa PB.


A régua de 24 polegadas poderá ser usada como um instrumento de comparação, já que é um instrumento de medida, servirá para comparar e aferir os desgastes necessários, evitando que os desbastes sejam exagerados ou muito limitados. Será nossa consciência aliada a um bom senso nos guiando na realização do trabalho. 


Este trabalho deverá ser consciente e racional, a emoção é importante para dar ao homem sensibilidade necessária para admirar o belo, mas a razão deve frear suas impetuosidades e dominar as explosões emocionais.

Para complementar e auxiliar em nosso trabalho devemos também usar de alguns recursos que estão a nossa disposição e, são da maior importância. O principal deles é o cultivo da fraternidade, base fundamental de nossa instituição. Não se esquecer de ter sempre em mente que a tolerância e a ética são indispensáveis para o convívio em grupo.


Tudo isso associado à leitura de bons livros e nos fará crescer intelectualmente, dominar nossas paixões e fazer progresso na maçonaria.


Jorge Otavio Daniel,
M.'.M.'. - Loja Simbólica Dez de Junho - G.O.P, Foz do Iguaçu - Paraná - Brasil

A LOJA MAÇÔNICA IDEAL


Trabalhamos em Loja com o objetivo definido da construção da Sociedade Humana.

Temos como alvo neste trabalho desenvolver comentários sobre o estudo da LOJA MAÇÔNICA – sua forma, seu interior, sua representação simbólica, sua sustentação, seu teto, piso, - para ampliar os conhecimentos administrados pela 5ª. (Quinta) e parte da 2ª (segunda) Instrução do Ritual do Aprendiz Maçom (1° Grau).

Chama-se Loja o local em que uma sociedade maçônica realiza suas Sessões e, por extensão, qualquer corporação maçônica (na realidade, prefere-se falar em Templo, para designar o local de reunião, que é LOJA, a corporação maçônica, quando os seus membros reúnem-se num Templo; ao final de uma Sessão, a Loja é considerada fechada ou “coberta”, mas o Templo continua aberto, inclusive para outras Lojas.

Loja provém de Ioga, que em sânscrito significa mundo ou o universo. Efetivamente o Templo Maçônico é uma reprodução, em ponto pequeno, do planeta, com sua abóboda azul, com seu sol, sua lua e suas constelações de astros que contam incessantemente a grandeza do Arquiteto incriado.

A universalidade da Instituição Maçônica, seu cosmopolitismo, sua moral e salutares princípios, eternamente belos como a criação, estão representados de maneira compreensível na Loja, cujos atributos e símbolos, falam sem cessar da alma humana, do idioma da razão, do dever e do cumprimento exato de sua missão sobre a terra.

Só o ar livre, a luz do Sol que nos da vida entre as angústias tenebrosas da noite, pode representar o Templo Maçônico. Só em sítio consagrado a representar a majestade do infinito cabem perfeitamente os homens de boa vontade, agrupados para fazer sacrifícios de todo o gênero em prol de seus semelhantes.

É a Loja o retiro silencioso dos homens de boa vontade, o Templo augusto da caridade, onde se cultiva a fraternidade sinônima de amor sem condições, perdão sem restrições e da educação cívica, onde se congregam os espíritos honrados para elaborarem a redenção dos povos e o progresso da humanidade em todas as suas manifestações.

Onde se afastam as lendas que nos ocultam a verdade, olvidam as preocupações, que se calam os receios, se perdoam os agravos, se consolam os muitos sofrimentos e se avivam as esperanças. Ali se caminha sem curvas, se dedica uma recordação a todo o grande, derrama-se uma lágrima por todo o prazer legítimo, envia-se um prêmio ou um aplauso a toda ação nobre. Neste lugar se trabalha buscando o pão da ciência, o prazer da caridade, o apoio desinteressado e o carinho fraternal.

Também ali se conciliam desencontradas idéias, interesses opostos, contrárias crenças, suavizando as asperezas da vida com o bálsamo da temperança. Este lugar, portanto, não pode ser a casa do homem, a igreja de mera religião errônea, um cassino ou teatro, nada mesquinho. Ali está o mundo, laboratório permanente do bem, de meditação e de elevação espiritual. Daí a ausência do luxo. Tanto assim que seus Ornamentos, Paramentos e Jóias são simples. Porém ricos em significado e nas suas expressões.

A Loja é um centro de solidariedade, onde todos sofrem as aflições e comemoram o justo regozijo de cada um. A Loja é livre, que ajuda a libertar; é igual, onde todos realmente se igualam. O Pavimento Mosaico encerra uma grande lição. Ensina-nos que não devemos olhar as “diversidades de cores e raças, o antagonismo das religiões e os princípios que regem os diferentes povos” e nos conclama a viver em perfeita fraternidade.

Na Loja se educam os caracteres, se aviva a inteligência e se cultiva o espírito, onde todos juntos aprendem a compreender os desígnios do Grande Arquiteto do Universo. É ela aonde vamos todas as semanas, ouvir idéias e ouvir críticas às nossas idéias em busca da paz da alma, onde cada Irmão chora quando quiser e sorri com os olhos, o coração franqueado à compreensão e à razão predispostas ao diálogo.

Onde se pode divergir e, assim, convergir no mesmo ideal. É a escola misteriosa que conduz aos Céus, sem nuvem em toda a grandeza infinita. Ama-se a Loja porque ela é o símbolo da pátria. Ama-se a pátria porque ela é um pedaço desse todo harmonioso que se chama Humanidade.

Loja é o mundo. O Maçom é o homem em toda plenitude: a família, a honra, a ciência, a liberdade; todas as grandes concepções, todos os amores e todas as esperanças. Na Loja está Deus, que nos ensina a solidariedade mais pura e fraternal com os que praticam o bem e sofrem os espinhos da vida, a dar e não a pedir, sem justa necessidade.

Na Loja Maçônica ideal não prevalece apenas a vontade de alguns. A maioria respeita as convicções da minoria. Não é uma Loja de maçons perfeitos, pois esses são os que nunca erram, porque jamais acertam; nunca odeiam, porque jamais amam. Nela há erros e acertos, há equívocos, contradições e, até mesmo, ilusões. Cada Irmão perdoa os defeitos alheios, na mesma medida em que lhes são desculpados os próprios senões.

Todos a freqüentam pelo puro prazer de vir. Pode ser de pequenas dimensões, uma Oficina humilde, mas de grandes obras, onde um dia, possa fazer de meus filhos, de meus netos, meus Irmãos.

A Loja Regular não pode funcionar sem a presença, no mínimo, de sete irmãos. Uma Loja regular é aquela que, sendo justa e perfeita, obedece a uma Potência maçônica e que pratica, rigorosamente, todos os princípios básicos da Maçonaria. Sete é o número que simboliza a harmonia, a justiça e a prudência.

Além da forma, extensão e orientação próprias, ela deve conter ornamentos (pavimento de mosaico, estrela flamígera, borda dentilada), o Mobiliário (Volume da Ciência Sagrada, Esquadro e Compasso), e as Jóias que são:

a) – as fixas: a prancheta da Loja, a Pedra Bruta e a Pedra Polida;

b) - as móveis: o Esquadro, o Nível e o Prumo.

São necessários, no mínimo, sete Oficiais para se proceder a abertura dos trabalhos da Loja. Dizem os antigos rituais que três Maçons formam uma Loja simples; cinco, uma Loja justa, e sete, uma Loja perfeita, ou seja, para que uma Loja seja justa e perfeita, é preciso que três a governem, cinco a componham e sete a completem.

Neste caso, os três da Loja simples são o Venerável e os dois Vigilantes; os cinco da Loja justa são os três precedentes e mais dois Mestres, e afinal uma Loja perfeita compreende mais um Companheiro e um Aprendiz. Só pode trabalhar a Loja que é “justa, perfeita e regular”.

É justa se tem o Mobiliário devidamente colocado sobre o Altar; perfeita, se estão presentes sete ou mais membros, e regular, se possui a Carta Constitutiva outorgada por uma Potência regularmente investida de autoridade maçônica.

Oficinas azuis (ou simbólicas) são as Lojas que agrupam os Maçons do 1° ao 3° grau.

Loja-Mãe ou Mater. Loja onde um maçom recebeu sua Iniciação.


Valdemar Sansão

O LIVRO SAGRADO (DA LEI)














A Bíblia Sagrada (para os maçons: o Livro da Lei) é a principal coleção de textos sagrados do Cristianismo.

Essa coleção está dividida em duas partes: o Antigo Testamento (Bíblia Hebraica, Escrituras Hebraicas ou Antiga Aliança) e o Novo Testamento (Nova Aliança). As Escrituras Hebraicas eram inicialmente confeccionadas pelos escribas em rolos de pergaminhos feitos com peles de animais.

O Antigo Testamento, que foi escrito em hebraico e aramaico, é o conjunto de livros bíblicos anteriores aos Evangelhos. Refere-se, em grande parte, à história, à filosofia e à cultura do antigo povo de Israel, cuja saga tem início com o seu primeiro filho (Adão).

O Novo Testamento, que foi todo escrito em grego, é o conjunto dos livros bíblicos posteriores à morte de Jesus Cristo e está dirigido exclusivamente aos cristãos.

O Novo Testamento tem como temática central a pessoa Jesus Cristo, suas doutrinas e as histórias sobre sua vida (Evangelhos). Didaticamente, os livros bíblicos podem ser organizados da seguinte forma.

Quando, no ano 70 da Era Cristã, os hebreus foram expulsos de seus territórios pelos romanos e espalhados para várias regiões da Ásia e da Europa (Segunda Diáspora Judaica), viram a necessidade de traduzirem o Antigo Testamento para a língua universal daquela época: o grego.

Nessa tradução foram acrescentados alguns livros ao Antigo Testamento que não constavam na Bíblia Hebraica (Livros Deuterocanônicos).

Essa é a única diferença entre a Bíblia Católica (com os acréscimos) e a Bíblia Protestante (sem os acréscimos), pois o Novo Testamento é igual nas versões católica e protestante do Livro da Lei.


Por Ivan Cosme Pinheiro

O MAÇOM E O EXERCÍCIO DA CIDADANIA II


A cidadania é um dos mais importantes fundamentos da República Brasileira, conforme estabelece o inciso segundo, do Artigo Primeiro da Constituição Federal.

Hodiernamente, a cidadania não se consuma apenas com o direito de votar e de ser votado (definição usada e aceita até bem pouco tempo), uma vez que, o ato de votar, por si só, não garante nenhuma cidadania se não for acompanhado de certas condições de nível político, econômico, social, cultural e jurídico.

Na verdade, a cidadania é muito mais abrangente do que se possa imaginar, tendo em vista que suas ações encontram respaldo nos princípios relativos aos Direitos Humanos.

Para fins de uma melhor compreensão acerca do tema, apresentamos, logo a seguir, alguns aspectos jurídicos de três grandes áreas do Direito, no qual se assenta a cidadania, ou seja, Direitos Civis, Direitos Políticos e Direitos Sociais, cujos desdobramentos são:

No campo dos Direitos Civis, temos uma abertura para o Direito de dispor do próprio corpo; o Direito de locomoção (ir, vir e ficar); e, também, o Direito à segurança.

Com relação aos Direitos Políticos, seus desdobramentos são relacionados aos Direitos às liberdades de pensamento e de expressão; Direitos às práticas política, religiosa, associativa etc.

Por fim, os desdobramentos dos Direitos Sociais estão ligados ao Direito ao trabalho digno; Direito à remuneração justa pelo trabalho; Direito à educação pública de boa qualidade; Direito à saúde (assistência...); Direito à habitação.

A verdade é que, em regra, as pessoas estão a pensar a cidadania como resultado do recebimento de apenas alguns direitos oriundos do poder público, ignorando o fato de que elas próprias são agentes desses direitos.

Esta situação contribui para o Estado (poder público) continuar negligenciando seus deveres e obrigações, sobretudo no que tange ao papel jurídico-social.

Aqui, ao ser humano não basta ser um mero receptor, mas acima de tudo, um sujeito daquilo que pode e deve ser conquistado para o exercício de uma cidadania plena. Portanto, ser cidadão é ser, ao mesmo tempo, sujeito de deveres e direitos, isto é, ser súdito e soberano.

A observação dessa dicotomia pode cristalizar a justa medida, sem o que não há que falar em cidadania.

Desta forma, ser cidadão não é apenas saber exigir os seus direitos, mas primeiramente cumprir seus deveres. É isto que o credencia a ser um verdadeiro cidadão. Portanto, fica patente que o exercício da cidadania exige uma atitude comportamental adequada, nos campos jurídicos, ético, moral ou social, com vista a alcançar o ideal humanístico.

Todavia, estamos conscientes de que o ideal de cidadania ainda estar muito longe, mas, também, não temos dúvidas de que esse ideal poderá ser construído, principalmente por maçons que acreditam em um mundo no qual a pessoa humana seja a verdadeira finalidade de todo e qualquer progresso conquistado pela humanidade.

Contudo, todos nós sabemos que, embora possível, não será fácil alcançar esse ideal, uma vez que, a maioria de nós está mais preocupada em consumir ou gastar as horas vagas em futilidades, causando prejuízo à boa informação, ao debate político, saudável e, consequentemente, ao exercício da prática efetiva da cidadania, que passa por uma conscientização individual e coletiva.

Por outro lado, não podemos esquecer que a cidadania é, ao mesmo tempo, a síntese de todas as conquistas dos direitos obtidos pelos homens e mulheres ao longo da história, orientados, mais recentemente, por um princípio constitucional, o qual diz, taxativamente, que todos são iguais perante a lei, independente de raça, cor, sexo, religião e nacionalidade.

É preciso lembrar que a cidadania é protegida pelo direito público subjetivo, ou seja, “nós já temos esse direito”, só que, em regra, para gozá-lo, é preciso reivindicá-lo. Portanto, faz-se necessário estarmos sempre atentos à ausência de ações que garantam os meios e os instrumentos necessários ao alcance da cidadania.

Exemplos:
Igualdade de oportunidade, trabalho, justiça social;
Educação de qualidade para todos;
Saúde, nutrição, habitação e outros como segurança etc.

Portanto, queremos enfatizar, mais uma vez, que os direitos do cidadão são direitos subjetivos públicos e, por esta razão, seu cumprimento não é um favor do poder público ou da sociedade civil, mas sim, o dever de todos respeitá-los, oferecendo os instrumentos necessários capazes de promover de fato o exercício pleno da cidadania.

Na verdade, esses instrumentos nada mais são do que estágios da cidadania plena, devendo os mesmos serem examinados não isoladamente, mas, de forma integrada.

Exemplo de práticas da cidadania: observar os limites legais e éticos, cumprir os seus deveres e saber reivindicar os seus direitos bem como respeitar a si mesmo e ao próximo.

Os estágios da cidadania aos quais nos referimos podem ser representados da seguinte forma: colocando três argolas com três tamanhos distintos, sobrepostas umas as outras: a menor argola representa a limitação da cidadania pela Lei; a média representa a construção ou o avanço da cidadania pela conscientização da sociedade ou comunidade; a argola maior representa o ideal humanístico, traduzido pela igualdade e a justiça social, ou seja, aquilo que deve ser.

Como já enfatizamos, a cidadania é a condição de cidadão, quanto ao gozo dos direitos civis, sociais e políticos, assegurados pelo Estado; ao passo que cidadão é a pessoa natural no gozo desses mesmos direitos (civis, sociais e políticos) de um Estado e a ele jurisdicionado.

Na verdade, cidadania é a síntese das conquistas dos direitos obtidos pelos homens e mulheres, orientados por um princípio constitucional básico, o qual diz, taxativamente, que todos são iguais perante a Lei, independente de raça, cor, sexo, religião e nacionalidade.

É inegável que, no último século, a pessoa humana teve uma grande evolução na conquista de seus direitos, como por exemplo, as mulheres que conquistaram a igualdade de direitos em relação aos homens, como votar e ser votada, também, no caso de leis racistas que foram extirpadas de nossa constituição; e, ainda, o fato dos trabalhadores terem conquistado proteção legal em relação as suas atividades laborais.

Finalmente, é oportuno ressaltar que nos dias de hoje, o verdadeiro conceito de cidadania está ligado à proteção de ações que ganharam igualdade de oportunidades (meios e/ou instrumentos), assegurando a todos, indistintamente, educação de qualidade, saúde, nutrição, habitação e outros que vejam todo ser humano como um cidadão pleno e não na condição de um ser inferior.

Aildo Virginio Carolino

Secretário Estadual de Gabinete GOB-RJ

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